Ronco e apneia são sintomas que fazem parte da Síndrome da Apneia Obstrutiva bdo Sono (SAOS). De acordo com a AASM (American Academy of Sleep Medicine), a SAOS é uma doença crônica e evolutiva caracterizada pela obstrução total ou parcial das vias aéreas superiores (nariz e garganta), podendo ocorrer várias vezes durante uma noite de sono.

O problema pode acontecer em diferentes graus, podendo comprometer a qualidade do sono e gerar inúmeras repercussões negativas na saúde.

Por definição, apneia é a interrupção completa do fluxo de ar nas vias aéreas superiores com duração de pelo menos dez segundos, impedindo que o ar inspirado chegue aos pulmões.

Ronco, por sua vez, é apenas o som característico gerado pela vibração das estruturas da garganta (como úvula e palato mole) devido a passagem do ar inspirado. De fato, o fenômeno do ronco esta relacionado ao estreitamento e relaxamento da musculatura da faringe, podendo ou não estar relacionado a apneia. 

Mecanismo da Apnéia Obstrutiva do Sono

Quem pode sofrer de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono?

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) pode acontecer tanto em crianças como adultos. Trata-se de uma doença multifatorial, sendo a obesidade reconhecida como principal fator de risco populacional para o desenvolvimento da doença. No entanto, alterações anatômicas da via aérea superior que possam reduzir o fluxo aéreo oronasal também estão envolvidas na fisiopatologia desta doença.

Nas crianças, a apnéia do sono pode estar mais associada a hipertrofia adenoideana (carne esponjosa). Nos adultos, as a causas são mais diversas e envolvem desde fatores comportamentais até obstrução de vias aéreas superiores como desvio de septo nasal, hipertrofia de cornetos e aumento de amígdalas palatinas. Ainda, alterações esqueléticas crânio maxilo-mandibulares podem contribuir para o desenvolvimento da apnéia do sono.

Quais os principais fatores de risco para a Apneia Obstrutiva do Sono?

Como já salientado, as causas da apnéia obstrutiva do sono são diversas e cada paciente deve ser analisado de maneira individual. Podemos listar:

  • Sedentarismo e obesidade .
  • Anatomia da garganta : amigdalas grandes, palato e úvula alongados e flacidos.
  • Obstrução nasal (desvio de septo nasal ,rinites e hipertrofia adenoideana).
  • Alterações crânio faciais como queixo curto (retrognatia).
  • Língua grande
  • Consumo de bebidas alcóolicas e tabagismo.
  • Medicações que aumentam o relaxamento muscular como calmantes e sedativos.
  • Alterações comportamentais como privação de sono e comer em demasia a noite.

Quais os principais sintomas e impactos da Apneia do sono na sua saúde?

Hoje, a Síndrome do Ronco e Apneia  Obstrutiva do Sono é considerada um importante fator de risco para doenças crônicas como hipertensão arterial. Além disso, pode contribuir na instalação e progressão de arritmias, infarto e “derrame” cerebral.  Fique atento aos principais sintomas da apnéia do sono:

  • Sono agitado com engasgos e despertares frequentes.
  • Roncos
  • Cansaço e sonolência durante o dia, mesmo após uma “boa” noite de sono (8 horas de sono).
  • Cefaléia (principalmente matinal)
  • Mau humor, irritabilidade e depressão.
  • Dificuldade de concentração e perda de memória.
  • Nictúria (ato de urinar varias vezes durante a noite).
  • Desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial e obesidade.
  • Diminuição de libido e impotência sexual.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da apneia obstrutiva do sono é feito pelo médico especialista otorrinolaringologista baseado na história clínica, e principalmente, através do exame de Polissonografia (estudo do sono). 

De maneira complementar, exames de imagem como a tomografia computadorizada da região da cabeça e pescoço e a nasofibrolaringoscopia também auxiliam no diagnóstico e planejamento terapêutico da doença.

Quem ronca necessariamente tem apnéia?

Embora o ronco seja um sintoma que pode indicar a presença de apnéia do sono, nem sempre ele esta associado a ela . Nessas situações em que o indivíduo apenas ronca sem ter apnéia denominamos “Ronco essencial” ou “primário”. De qualquer forma, o estudo do sono na polissonografia é fundamental para identificar esses casos. 

Tratamento

O ronco e apnéia obstrutiva do sono (SAOS) tem tratamento, este é individualizado para cada paciente e baseia-se em medidas comportamentais, tratamento cirúrgico, uso de dispositivos como o CPAP e aparelhos intra-orais. 

A cirurgia mais empregada é a uvulopalatofaringoplastia modificada sendo realizada na garganta em pacientes elegíveis ao procedimento. A cirurgia para a correção de desvio de septo nasal (septoplastia), assim como a adenoidectomia em crianças (cirurgia para carne esponjosa) também podem ser consideradas no tratamento da apnéia obstrutiva do sono.

Todas as informações fornecidas neste website têm caráter meramente informativo, com o objetivo de complementar, e não substituir, as orientações do seu(sua) médico(a) especialista.

Dr. Eduardo Garcia – Otorrinolaringologista – CRM-SP 127.022